Hoje, com a cabeça
encostada em teu peito
Enquanto mirava as
árvores de folhas verdes e ruidosas
Tive um vislumbre da
proximidade do limiar de minha existência
Me peguei
melancólica
Mergulhada em
lamentos aborrecidos
Comovida com as
possibilidades do epílogo desse intento
O que deixarei de
marcante em tua memória?
Cada cena que
vivemos, inevitavelmente hás de esquecer
E não recordarás
mais o som da minha voz
Meu canto propagado
e posteriormente desvanecido
Se perderá, como a
mácula sonora do silêncio que me postulas
E nada restará, se
não a poeira insignificante das minhas queixas inoportunas
Minha imagem se
dissipará em questão de tempo
E não saberás mais
distinguir quais eram as formas e ângulos de minha face
Que no presente te
miram com ardor, mas em breve serão apenas chamas apagadas na tua
mente
O contato gélido da
extremidade de meus dedos em teu rosto viloso
Sequer será
mencionado em teus pensamentos por fração de segundo
Sumirá como o gelo
nas montanhas, que derretem e se tornam água correnteza abaixo
Pois na calada da
noite, eu findarei e levarei comigo tua semente, mesmo sem saberes
Duas almas
adormecidas no jazigo silencioso, repleto de flores que nos foram
ofertadas
Uma obliterada pelo
tempo, a outra jamais conhecida
E não haverá
legado além de meus versos, que se apagarão do papel corroído e
amassado na estante
Tuas lágrimas
secarão, pois me tornarei apenas um relato na história da tua vida
Capítulo finalizado
e jamais relido, aquela dor que não mais será sentida.
Permanecerei, enfim,
apenas em teu esquecimento.
D. Bruno
Nenhum comentário:
Postar um comentário